Eu não ia escrever esse
Artigo nesse momento, aguardaria encerrar os trabalhos da Rio+20 para me posicionar, mas em função da minha participação de
perto e de longe, somado a minha preocupação com a construção de uma agenda que
contenha matérias que atendam as expectativas ambientais como um todo, coisa
que até o momento às 13:00 hs do dia 15/06/2012 não ocorreu, pois não conseguem
chegar a um consenso. Olha que esse consenso trata-se de morte e vida, pois se
o Planeta não aguentar nossas absurdas exigências, iremos sucumbir e perecer
com ele, ou no mínimo deixaremos de avançar para retroagir enquanto
Sociedade.
Aos 83 anos e já em terras brasileiras,
Mr. Strong é enfático: A cúpula não produzirá tantos acordos relevantes como
produziu a Eco-92. “A Rio +20 atrairá
muita gente e muita atenção, mas questões políticas e econômicas vão dificultar
que obtenhamos progresso. Não será dessa vez que veremos nascer novos acordos”,
diz.
Já o pronunciamento ex-ministro do Meio
Ambiente Rubens Ricúpero é o seguinte: A ciência traz evidências de que não
estamos em uma situação muito confortável. No entanto, é alto o risco de que a
Rio +20 produza um documento final fraco, sem objetivos concretos”.
O ex Ministro da Fazenda Delfim Neto tem uma visão pessimista dos
avanços ambientais na Conferência.
Vejam só como as apostas estão baixas! Isso aumenta a nossa preocupação!
Então chegamos mais uma vez
ao limiar da História Ambiental, como em outras ocasiões, mas aguardando que possamos
atingir os objetivos estabelecidos, diferente dos anteriores e da vaticinação
dos que tem expertise na área, que os patamares indigitados não foram atingidos
na sua maioria, se não logrando uma derrota total (porque tivemos acordos
importantes como mudança climática, biodiversidade e Agenda 21), também não
alcançando uma vitória plena, o limite do insucesso parcial anterior não pode justificar
ou refletir nos encaminhamentos e negociações para viabilizar o viabilizável,
pois queremos e precisamos de mais, na verdade, mais.
Nesse Encontro de Nações
afloram dois temas imperiosos, imprescindíveis, inquestionáveis e inevitáveis,
tamanha sua importância, que é: A Sustentabilidade e a Economia Verde. Não dá
mais para jogar para frente! Precisamos reconhecer que o tempo é o agora e não
o amanhã, isso já foi dito por todos pensadores da área. É impossível pensar e
agir como se ainda tivéssemos muito tempo, pois pode não haver o amanhã que
sonhamos, mas, o amanhã que construímos, e é isso que preocupa a meio mundo!
Ao longo desses 20 anos,
após ECO-92, contornar os caminhos ambientais corretos não foi à maneira mais
sóbria e competente de enfrentar os problemas, pois os atalhos que buscamos
percorrer nos levaram até onde estamos e não onde deveríamos estar.
Sintetizando a Conferência
de 92 que tinha como objetivo oficial o debate sobre os problemas ambientais
gerados pelo modelo de produção e consumo, e propor medidas para minimização
dos danos ecológicos global.
Em 2002, foi realizada a Rio +10, em Johanesburgo,
África do Sul, com o alvo de fazer um levantamento dos avanços obtidos até
então.
O tema central da atual Conferência é a
transição para a Economia Verde, que propõe a adoção de um novo sistema
produtivo, com base na baixa emissão de poluentes, na eficiência no uso dos
recursos naturais e na erradicação da pobreza. O segundo tema mais importante
que será discutido é a Sustentabilidade e depois podemos eleger a Governança
Global, os outros não são menos importantes, mas com certeza virão a reboque
dessas Super Estrelas Ambientais.
O Rascunho Inicial elaborado pelo
Secretariado da ONU, popularizado como Rascunho Zero (Zero Draft), apesar das
quase 6.000 páginas, com sugestões, propostas e inserções, pouco evoluiu no
campo real, pois seu encaminhamento ficou extremamente limitado, é mole ou quer
mais!?
A Proposta do ex-diretor da área de
economia verde do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), da
qual sou simpatizante, o economista indiano Pavan Sukhdev, com certeza soma-se
as mais consistentes, democráticas e socialmente corretas, pois trata o
ambiental com o produtivo e o social com o econômico. Ele propõe duas dimensões
a serem consideradas, quais sejam: o Governamental e o Corporativo.
No Governamental, a priorização da
elaboração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com base na tese da
Colômbia e Guatemala. Os objetivos estão ligados a quatro setores estratégicos
que são:
1) melhorar o bem-estar humano;
2) melhorar a distribuição de renda;
3) reduzir o risco ambiental; e
4) reduzir a escassez ecológica, com disponibilidade de água e solo de
boa qualidade, principalmente para os pobres.
Os grandes articuladores aliam-se a
Pavan para admitirem que caso essas proposições não prosperem será um grande
fracasso para a humanidade.
No campo Corporativo, o grande avanço
seria a divulgação das EXTERNALIDADES das Organizações, sejam elas pequenas
médias ou grandes, de perfil local, regional ou global, isso quer dizer que as
Empresas teriam que medir o tamanho do dano e ao mesmo tempo dos benefícios que
estão causando com a atual matriz Negocial. Isso vai muito além das Ações
Compensatórias e Mitigadoras.
Como é um processo que rompe com o
conservadorismo tanto Estatal quanto Corporativo, temos que trabalhar todos em
conjunto, inclusive e principalmente a sociedade civil, para mudar nossa
maneira de pensar, propor e agir.
Mas importa nesse momento que com uma
diplomacia atuante, em todas as áreas, possamos passar o sistema de
Urgência/Urgentíssima que nos encontramos diante desse clima de incertezas, o
que teremos como mecanismos inovadores e exequíveis do pós Rio +20.
Aproveito o contexto para parafrasear o
saudoso Prof. José A. Lutzenberger, inclusive trazendo sua fonte original de
digitação, quando sabiamente afirmou: “Está claro que
a espécie humana não poderá continuar por muito tempo com a sua cegueira
ambiental e com sua falta de escrúpulos na exploração da Natureza. Tudo tem seu
preço, e, quanto maior o abuso, maior será o preço”.
E ainda farei um exercício de
imaginação, tentando descobrir como o ilustre ambientalista se posicionaria em
relação à Conferência que se desenvolve, creio que seria assim: “Não basta
somente um clima de Rio +20, temos que ter um espírito de Rio +100, e mudarmos
o que precisa ser mudado e consolidar o que precisa ser consolidado”!
Será que precisaremos
de mais 100 Rio+20 para que nossos Sonhos Ambientais sejam realizados?