sábado, 10 de agosto de 2019

PROJETO POLÍTICO DO ESTADO BRASILEIRO PARA AMAZÔNIA: O EXÉRCITO NA VIGILÂNCIA DE FRONTEIRAS (1917-1940)



Esta pesquisa científica tem por objetivos analisar parte da documentação produzida pelo Exército brasileiro sobre vigilância, que revela a posição institucional sobre a política nacional para as fronteiras amazônicas com a América do Sul, procurando identificar nesses documentos construções históricas e políticas sobre as tensões fronteiriças, entre os anos de 1917 e 1940, O projeto reforça que a vigilância constante das fronteiras nacionais estava relacionada ao controle do território, e à segurança nacional. A averiguação sistemática foi pautada nos argumentos teóricos sobre os estudos de fronteiras e pela geopolítica dos anos 1930 e 1940, fomos buscar ajuda no exame do preceituado nas Constituições de 1934  e 1937, que com suas características próprias marcaram momentos diferentes, a primeira de avanço e conquistas, já a segunda de retrocesso e perdas apesar de ter enfrentado o tema da pesquisa de forma  reiterada e de conteúdo centralizado, desta forma, foi  necessário um aprofundamento comparativo para se ter a real compreensão da definição de fronteiras e o papel constitucional do Exército nesses contextos distintos.  Construímos uma clivagem que ajudou a demonstrar, que os militares brasileiros da época foram os principais responsáveis pela intervenção na fronteira amazônica, considerando para este propósito a estratégia de vigilância voltada para ocupação do território, controle dos limites terrestres, e a manutenção da soberania nacional.
Mereceu também nosso apontamento o eficaz Regime Jurídico que vigorava nas fronteiras latino-americanas, e nosso registro em alguns aspectos  do Direito Internacional das Delimitações de Fronteiras (DIDF), vinculado ao Direito Internacional Público (DIP) que é anterior a criação da Corte Internacional de Justiça (CIJ), não só por ser representativo, mas fundamentalmente pela sua atuação como sendo um dos operadores do iuris dicere nos cases concretos de conflitos fronteiriços e seus desmembramentos, lembramos também do Direito Constitucional Comparado, seus objetivos e funções, além do conceito pela utilização da subsunção como ferramenta primordial empregada. Dentre tantos teóricos brilhantes pesquisados e adotados na investigação, destacam-se o pensamento geopolítico de TRAVASSOS, Mário em seu livro Projeção Continental do Brasil (1935),  bem como os ensinamentos do doutrinador pátrio VARGAS, Fábio Aristimunho, (2017), na sua importante obra Formação das Fronteiras Latino-Americanas, mas foi fundamental a contribuição e continua sendo, tanto como teórico, professor e amigo, o meu orientador  Prof. Dr. Fernando da Silva Rodrigues, Pós-Doutor em História Política.
Na costura da franja histórica das fronteiras-limites, sem tangenciar a guerra como mecanismo de conquista ou proteção, elegemos a figura do Instituto do Uti Possidetis, que antecede e ultrapassa o período proposto na pesquisa, mas que é de tamanha sua importância dentro da percepção temporal e espacial estudada, e na sequência  seu desmembramento para o Uti Possidetis Juris e o Uti Possidetis de Facto, não só pelo simbolismo sobre a questão das terras limítrofes, mas sobretudo pelo seu arcabouço jurídico,  conceitual e de aplicabilidade, que de modo síntetico e superficial, a época era o de usar a propriedade de direito, ou usá-la de fato caracterizando a posse. Esse Regramento determinou em muitas circunstâncias a pacificação entre estados latino-americanos, apesar de algumas discordâncias nas decisões proferidas, pois não foi recebido e praticado como matéria hegemônica.
E por último resgistramos, que essa argumentação científica é uma conformação para Nova Historiografia Militar e de Fronteiras.